BÍBLIA: QUAIS SÃO OS LIVROS CANÔNICOS?
Cânon da Bíblia
Originalmente, a cana (hebr.: qa·néh) servia de régua ou instrumento de medir. (Ez 40:3-8; 41:8; 42:16-19) O apóstolo Paulo aplicou ka·nón ao “território” delineado como sua designação, e novamente à “regra de conduta”, pela qual os cristãos deviam medir como estavam agindo. (2 Cor. 10:13-16; Gál 6:16) O “cânon bíblico” passou a referir-se ao catálogo dos livros inspirados, dignos de serem usados como régua para medir a fé, a doutrina e a conduta.
A mera escrita de um livro religioso, sua preservação durante centenas de anos e ser estimado por milhões de pessoas não provam que ele seja de origem divina ou canônico. Precisa ter credenciais da Autoria Divina, demonstrando que foi inspirado por Deus. O apóstolo Pedro declara: “A profecia nunca foi produzida pela vontade do homem, mas os homens falaram da parte de Deus conforme eram movidos por espírito santo.” (2 Ped. 1:21) O exame do cânon bíblico mostra que seu conteúdo está à altura deste critério, em todos os sentidos.
Escrituras Hebraicas. A Bíblia teve início com os escritos de Moisés, em 1513 AEC. Nestes se acham preservados os mandamentos e preceitos de Deus para Adão, Noé, Abraão, Isaque e Jacó, bem como os regulamentos do pacto da Lei. O que é chamado de Pentateuco inclui cinco livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Jó, evidentemente também escrito por Moisés, preenche a história após a morte de José (1657 AEC) e antes de Moisés mostrar ser servo íntegro de Deus, um período em que ‘não havia ninguém igual a Jó na terra’. (Jó 1:8; 2:3) Moisés escreveu também o Salmo 90, e, possivelmente, o 91.
De que esses escritos de Moisés eram de origem divina, inspirados por Deus, canônicos, e uma orientação segura para a adoração pura, não pode haver dúvida, à luz da evidência interna. Não foi por iniciativa de Moisés que ele se tornou o líder e comandante dos israelitas; no começo, Moisés recuou diante desta sugestão. (Êx 3:10, 11; 4:10-14) Antes, Deus suscitou Moisés e o investiu de poderes tão milagrosos, que até mesmo os sacerdotes-magos de Faraó se viram compelidos a reconhecer que aquilo que Moisés fazia originava-se de Deus. (Êx. 4:1-9; 8:16-19) De modo que Moisés não tinha a ambição pessoal de ser orador e escritor. Antes, em obediência à ordem de Deus, e com as credenciais divinas do espírito santo, Moisés foi induzido primeiro a falar e depois a assentar por escrito parte do cânon bíblico. Êx. 17:14.
O próprio Jeová estabeleceu o precedente para que fossem assentados por escrito leis e mandamentos. Depois de falar a Moisés no monte Sinai, Jeová “passou a dar a Moisés duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, inscritas pelo dedo de Deus”. (Êx 31:18) Mais tarde, lemos: “E Jeová prosseguiu, dizendo a Moisés: ‘Escreve para ti estas palavras.’” (Êx 34:27) Portanto, foi Jeová quem se comunicou com Moisés e lhe mandou que escrevesse e preservasse os primeiros cinco livros do cânon bíblico. Nenhum concílio de homens os tornou canônicos; desde o começo, eles tinham a aprovação divina.
“Assim que Moisés terminara de escrever as palavras desta lei num livro”, ele deu ordens aos levitas, dizendo: “Tomando este livro da lei, tendes de colocá-lo ao lado da arca do pacto de Jeová, vosso Deus, e ali tem de servir de testemunha contra ti.” (De 31:9, 24-26) É digno de nota que Israel reconheceu este registro dos tratos de Deus e não negou estes fatos. Visto que o conteúdo dos livros, em muitos casos, era um descrédito para a nação em geral, podia-se esperar que o povo os rejeitasse, se fosse possível, mas esta questão nunca parece ter surgido.
Igual a Moisés, a classe sacerdotal foi usada por Deus tanto para preservar estes mandamentos escritos, como para ensiná-los ao povo. Quando a Arca foi levada ao templo de Salomão (1027 AEC), quase 500 anos depois de Moisés começar a escrever o Pentateuco, as duas tábuas de pedra ainda se encontravam na Arca (1Rs 8:9), e 385 anos depois disso, quando “o próprio livro da lei” foi encontrado na casa de Jeová, durante o 18.° ano de Josias (642 AEC), ainda se mostrava a mesma alta estima por ele. (2Rs 22:3, 8-20) De modo similar, houve “muitíssima alegria” quando, depois do retorno do exílio babilônico, Esdras leu o livro da Lei durante uma assembléia de oito dias. Ne 8:5-18.
Após a morte de Moisés, acrescentaram-se os escritos de Josué, Samuel, Gade e Natã (Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel). Os reis Davi e Salomão também fizeram contribuições para o crescente cânon dos
Escritos Sagrados. Depois vieram os profetas de Jonas a Malaquias, cada um contribuindo para o cânon bíblico, cada um dotado de milagrosa habilidade profética da parte de Deus, cada um por sua vez satisfazendo os requisitos de verdadeiros profetas, conforme delineados por Jeová, a saber, falaram em nome de Jeová, sua profecia se cumpriu e eles voltaram o povo para Deus. (De 13:1-3; 18:20-22) Quando Hananias e Jeremias foram testados nos últimos dois pontos (ambos falaram em nome de Jeová), apenas as palavras de Jeremias se cumpriram. Jeremias mostrou assim ser profeta de Jeová. Jer. 28:10-17.
Assim como Jeová inspirou homens a escrever, segue-se logicamente que ele orientaria e supervisionaria a coleção e a preservação desses escritos inspirados, a fim de que a humanidade tivesse uma duradoura régua canônica para a verdadeira adoração. Segundo a tradição judaica, Esdras teve algo que ver com esta obra, depois que os judeus exilados se estabeleceram novamente em Judá. Ele certamente estava qualificado para a obra, sendo um dos escritores bíblicos inspirados, sacerdote, e também “copista destro da lei de Moisés”. (Esd 7:1-11) Só faltavam os livros de Neemias e Malaquias a ser acrescentados. O cânon das Escrituras Hebraicas, portanto, estava bem estabelecido no fim do quinto século AEC, contendo os mesmos escritos que nós temos hoje.
O cânon das Escrituras Hebraicas era tradicionalmente dividido em três seções: a Lei, os Profetas e os Escritos, ou Hagiógrafos, contidos em 24 livros, conforme mostrado na tabela. Pela combinação adicional de Rute com Juízes, e Lamentações com Jeremias, algumas autoridades judaicas contam 22, o mesmo número que o das letras no alfabeto hebraico. Jerônimo, no seu prólogo dos livros de Samuel e Reis, embora parecendo favorecer a contagem de 22, disse: “Alguns incluiriam tanto Rute como Lamentações entre os Hagiógrafos . . . e assim obteriam vinte e quatro livros.”
O historiador judaico Josefo, respondendo a opositores na sua obra Against Apion (Contra Apião, I, 38-40 [8]), por volta do ano 100 EC, confirma que até então o cânon das Escrituras Hebraicas há muito já estava estabelecido. Ele escreveu: “Não possuímos miríades de livros incoerentes, em conflito uns com os outros. Nossos livros, aqueles que são corretamente acreditados, são apenas dois e vinte, e contêm o registro de todos os tempos. Dentre estes, cinco são os livros de Moisés, abrangendo as leis e a história tradicional desde o nascimento do homem até a morte do legislador. . . . Desde a morte de Moisés até Artaxerxes, que sucedeu a Xerxes como rei da Pérsia, os profetas depois de Moisés escreveram a história dos eventos dos seus próprios tempos em treze livros. Os quatro livros remanescentes contêm hinos a Deus e preceitos para a conduta da vida humana.”
A canonicidade de um livro, portanto, não depende inteiramente ou em parte de ter sido aceito ou rejeitado por algum concílio, uma comissão ou uma comunidade. A voz de tais homens não inspirados só tem valor como testemunha do que o próprio Deus já fizera por meio de seus representantes acreditados.
O número exato dos livros nas Escrituras Hebraicas não é importante (quer dois deles tenham sido combinados ou deixados separados), nem o é determinada ordem em que se seguem um ao outro, visto que os livros permaneceram como rolos separados muito depois de se encerrar o cânon. Antigos catálogos variam na ordem em que os livros estão alistados, como, por exemplo, uma lista colocando Isaías depois do livro de Ezequiel. O que é de máxima importância, porém, é quais são os livros incluídos. Na realidade, apenas os livros que agora se encontram no cânon têm alguma reivindicação sólida de canonicidade. Desde os tempos antigos houve resistência aos esforços de incluir outros escritos. Dois conselhos judaicos realizados em Yavne ou Jâmnia, um pouco ao S de Jope, respectivamente por volta de 90 e 118 EC, ao considerar as Escrituras Hebraicas, expressamente excluíram todos os escritos apócrifos.
Josefo dá testemunho desta opinião judaica geral sobre os escritos apócrifos, ao dizer: “Desde Artaxerxes até o nosso próprio tempo, escreveu-se a história completa, mas não tem sido considerada digna de receber crédito igual ao dos registros anteriores, por causa da falta da sucessão exata dos profetas. Apresentamos prova prática da nossa reverência pelas nossas próprias Escrituras. Pois, embora já se tenham passado eras tão longas, ninguém se aventurou quer a acrescentar, quer a remover, quer a alterar uma sílaba; e é um instinto em cada judeu, desde o dia do seu nascimento, considerá-las como os decretos de Deus, acatá-las, e, se for preciso, alegremente morrer por elas.” Against Apion, I, 41-43 (8).
Esta atitude histórica de longa data, dos judeus, para com o cânon das Escrituras Hebraicas é muito importante, em vista do que Paulo escreveu aos romanos. Os judeus, diz o apóstolo, “foram incumbidos das proclamações sagradas de Deus”, o que incluía escrever e proteger o cânon bíblico. — Ro 3:1, 2.
Antigos concílios (Laodicéia, 367 EC; Calcedônia, 451 EC) e os chamados pais da igreja, que eram singularmente unânimes em aceitar o cânon judaico estabelecido e em rejeitar os livros apócrifos, reconheceram, mas de modo algum determinaram o cânon bíblico que o espírito santo de Deus havia autorizado. Exemplos de tais homens incluem: Justino, o Mártir, apologista cristão (falecido em c. 165 EC); Melito, “bispo” de Sardes (2.° século EC); Orígenes, erudito bíblico (185?-254? EC); Hilário, “bispo” de Poitiers (morreu em 367? EC); Epifânio, “bispo” de Constantia (Salamina; desde 367 EC); Gregório (257?-332 EC); Rufino de Aquiléia, “o erudito tradutor de Orígenes” (345?-410 EC); Jerônimo (340?-420 EC), erudito bíblico da igreja latina e compilador da Vulgata. No seu prólogo dos livros de Samuel e Reis, depois de enumerar os 22 livros das Escrituras Hebraicas, Jerônimo diz: “Tudo o que houver além destes tem de ser posto nos apócrifos.”
O testemunho mais conclusivo da canonicidade das Escrituras Hebraicas é a palavra incontestável de Jesus Cristo e dos escritores das Escrituras Gregas Cristãs. Embora eles, em parte alguma, indiquem o número exato de livros, a conclusão inconfundível tirada do que disseram é que o cânon das Escrituras Hebraicas não continha os livros apócrifos.
Se não existisse uma coleção definida de Escritos Sagrados que eles e aqueles a quem falaram e escreveram conhecessem ou reconhecessem, eles não teriam usado expressões tais como “as Escrituras” (Mt 22:29; At 18:24); “Escrituras sagradas” (Ro 1:2); “os escritos sagrados” (2Ti 3:15); a “Lei”, que muitas vezes se refere ao corpo inteiro das Escrituras (Jo 10:34; 12:34; 15:25); “a Lei e os Profetas”, usado como termo genérico, referindo-se às inteiras Escrituras Hebraicas e não simplesmente à primeira e à segunda seção destas Escrituras (Mt 5:17; 7:12; 22:40; Lu 16:16). Quando Paulo se referiu à “Lei”, ele citou Isaías. 1Cor. 14:21; Is 28:11.
É mui pouco provável que a Septuaginta grega original contivesse os livros apócrifos. (Veja APÓCRIFOS.) No entanto, mesmo que alguns desses escritos de origem duvidosa se tivessem introduzido em cópias subseqüentes da Septuaginta em uso nos dias de Jesus, nem ele, nem os escritores das Escrituras Gregas Cristãs citaram deles, embora usassem a Septuaginta; nunca citaram como “Escrituras”, ou como produto do espírito santo, quaisquer escritos apócrifos. De modo que não só falta aos livros apócrifos a evidência interna de inspiração divina e a atestação de antigos escritores inspirados das Escrituras Hebraicas, mas falta-lhes também o cunho de aprovação de Jesus e dos seus apóstolos divinamente acreditados. Todavia, Jesus aprovou o cânon hebraico, referindo-se às inteiras Escrituras Hebraicas quando falou sobre “todas as coisas escritas na lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos”, sendo os Salmos o primeiro e mais extenso livro na seção chamada de Hagiógrafos, ou Escritos Sagrados. — Lu 24:44.
As palavras de Jesus em Mateus 23:35 (e em Lu 11:50, 51) também são muito significativas: “Para que venha sobre vós todo o sangue justo derramado na terra, desde o sangue do justo Abel até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem assassinastes entre o santuário e o altar.” No que diz respeito à época, o profeta Urijá foi morto durante o reinado de Jeoaquim, mais de dois séculos depois do assassinato de Zacarias, perto do fim do reinado de Jeoás. (Je 26:20-23) Portanto, se Jesus queria citar toda a lista de mártires, por que não disse ‘de Abel a Urijá’? Evidentemente foi porque o caso de Zacarias é encontrado em 2 Crônicas 24:20, 21, e, portanto, perto do fim do tradicional cânon hebraico. Portanto, neste sentido, a declaração de Jesus abrangeu mesmo todas as testemunhas de Jeová assassinadas que são mencionadas nas Escrituras Hebraicas, desde Abel, alistado no primeiro livro (Gênesis), até Zacarias, mencionado no último livro (Crônicas), o que, como ilustração, equivaleria a dizermos “de Gênesis a Revelação”.
Escrituras Gregas Cristãs. Tanto a escrita como a compilação dos 27 livros que constituem o cânon das Escrituras Gregas Cristãs foram similares às das Escrituras Hebraicas. Cristo “deu dádivas em homens”, sim, “ele deu alguns como apóstolos, alguns como profetas, alguns como evangelizadores, alguns como pastores e instrutores”. (Ef 4:8, 11-13) Tendo eles o espírito santo de Deus, apresentaram doutrinas sólidas à congregação cristã, e, “por meio dum lembrete”, repetiram muitas coisas já escritas nas Escrituras. 2 Ped. 1:12, 13; 3:1; Rom. 15:15.
Fora das próprias Escrituras há evidência de que, já em 90-100 EC, pelo menos dez das cartas de Paulo tinham sido compiladas. É certo que, logo cedo, os cristãos compilavam os inspirados escritos cristãos.
Lemos que “perto do fim do 1.° séc., Clemente, bispo de Roma, estava familiarizado com a carta de Paulo à igreja em Corinto. Depois dele, as cartas tanto de Inácio, bispo de Antioquia, como de Policarpo, bispo de Esmirna, atestam a disseminação das cartas paulinas por volta da segunda década do 2.° século”. (The International Standard Bible Encyclopedia [A Enciclopédia Bíblica Padrão Internacional], editada por G. W. Bromiley, 1979, Vol. 1, p. 603) Todos estes eram escritores antigos — Clemente de Roma (30?-100? EC), Policarpo (69?-155? EC) e Inácio de Antioquia (fim do 1.° e começo do 2.° século EC) — que intercalaram citações e trechos de diversos livros das Escrituras Gregas Cristãs, mostrando que conheciam esses escritos canônicos.
Justino, o Mártir (morreu c. 165 EC), no seu “Diálogo com o Judeu Trífão” (XLIX), usou a expressão “está escrito” ao citar Mateus, do mesmo modo como fazem os próprios Evangelhos ao se referirem às Escrituras Hebraicas. O mesmo ocorre também numa anterior obra anônima, “A Epístola de Barnabé” (IV). Justino, o Mártir, em “A Primeira Apologia” (LXVI, LXVII) chama as “memórias dos apóstolos” de “Evangelhos”. The Ante-Nicene Fathers (Os Pais Antenicenos), Vol. I, pp. 220, 139, 185, 186.
Teófilo de Antioquia (2.° século EC) declarou: “A respeito da justiça ordenada pela lei, encontram-se expressões confirmatórias tanto nos profetas como nos Evangelhos, porque todos eles falaram inspirados por um só Espírito de Deus.” Teófilo usa então expressões tais como ‘diz o Evangelho’ (citando Mt 5:28, 32, 44, 46; 6:3) e “a palavra divina nos dá instruções” (citando 1Ti 2:2 e Ro 13:7, 8). The Ante-Nicene Fathers, 1962, Vol. II, pp. 114, 115, “Teófilo a Autólico” (XII, XIII).
Por volta do fim do segundo século não havia dúvida de que o cânon das Escrituras Gregas Cristãs estava completo, e encontramos homens tais como Irineu, Clemente de Alexandria, e Tertuliano, reconhecendo os escritos que constituem as Escrituras Cristãs como tendo autoridade igual à das Escrituras Hebraicas. Irineu, recorrendo às Escrituras, faz tantas quantas 200 citações das cartas de Paulo. Clemente diz que responderá aos seus oponentes com “as Escrituras que cremos serem válidas, em vista da sua onipotente autoridade”, quer dizer, “pela lei e pelos profetas, e, além disso, pelo bendito Evangelho”. — The Ante-Nicene Fathers, Vol. II, p. 409, “Os Estrômatos, ou Miscelâneas”.
Alguns têm disputado a canonicidade de certos livros específicos das Escrituras Gregas Cristãs, mas os argumentos contra tais são muito fracos. Por exemplo, para os críticos rejeitarem o livro de Hebreus, simplesmente porque não leva o nome de Paulo e porque difere ligeiramente em estilo das suas outras cartas, é um argumento superficial. B. F. Westcott observou que “a autoridade canônica da Epístola é independente da sua autoria paulina”. (The Epistle to the Hebrews [A Epístola aos Hebreus], 1892, p. lxxi) A objeção à base de não se saber o nome do escritor é sobrepujada em muito pela presença de Hebreus no Papiro Chester Beatty N.° 2 (P46) (datado dentro de 150 anos após a morte de Paulo), que contém a carta junto com mais oito de Paulo.
Às vezes se questiona a canonicidade de livros pequenos tais como Tiago, Judas, a Segunda e a Terceira de João, e a Segunda de Pedro, à base de que estes livros são muito pouco citados pelos primitivos escritores. Todavia, todos juntos constituem apenas uma trigésima sexta parte das Escrituras Gregas Cristãs, e, por isso, era menos provável serem mencionados. Neste respeito, pode-se observar que a Segunda de Pedro é citada por Irineu como tendo a mesma evidência de canonicidade que as restantes das Escrituras Gregas. O mesmo se dá com a Segunda de João. (The Ante-Nicene Fathers, Vol. I, pp. 551, 557, 341, 443, “Irineu Contra Heresias”) Revelação, também rejeitada por alguns, foi confirmada por muitos primitivos comentadores, inclusive Pápias, Justino, o Mártir, Melito e Irineu.
A verdadeira prova de canonicidade, porém, não consiste em quantas vezes ou por que escritores não-apostólicos certo livro é citado. O conteúdo do próprio livro tem de dar evidência de ser produto do espírito santo. Por conseguinte, não pode conter superstições ou demonismo, nem pode incentivar à adoração de criaturas. Tem de estar em total harmonia e completa unidade com o restante da Bíblia, apoiando assim a autoria de Jeová Deus.
Cada livro tem de harmonizar-se com o divino “modelo de palavras salutares” e estar em harmonia com os ensinos e as atividades de Cristo Jesus. (2Ti 1:13; 1Co 4:17) Os apóstolos claramente possuíam abonação divina e falavam em confirmação de outros escritores, tais como Lucas e Tiago, meio-irmão de Jesus. Por meio do espírito santo, os apóstolos tinham “discernimento de pronunciações inspiradas”, quanto a se eram de Deus, ou não. (1Co 12:4, 10) Com a morte de João, o último dos apóstolos, esta corrente fidedigna de homens divinamente inspirados chegou ao fim, e, portanto, com a Revelação, o Evangelho de João e suas epístolas, o cânon bíblico foi encerrado.
Os 66 livros canônicos da nossa Bíblia, na sua harmoniosa unidade e equilíbrio, atestam a unicidade e inteireza da Bíblia e a recomendam a nós como de fato serem a Palavra de Jeová, de verdade inspirada, preservada até agora contra todos os seus inimigos. (1Pe 1:25) Para consultar a lista completa dos 66 livros que constituem o inteiro cânon bíblico, os escritores e quando os livros foram completados, bem como o tempo abrangido por cada um deles, veja a “Tabela dos Livros da Bíblia na Ordem em Que Foram Terminados”, sob BÍBLIA. — Veja também o artigo sobre cada livro específico da Bíblia.
CÂNON JUDAICO DAS ESCRITURAS
A Lei, Os Profeta, Os Escritos (Hagiógrafos)
1. Gênesis
2. Êxodo
3. Levítico
4. Números
5. Deuteronômio
6. Josué
7. Juízes
8. 1, 2 Samuel
9. 1, 2 Reis10. Isaías
11. Jeremias
12. Ezequiel
13. Os Doze Profetas
14. Salmos
15. Provérbio
16. Jó
17. Cântico de Salomão
18. Rute
19. Lamentações
20. Eclesiastes
21. Ester
22. Daniel, Obadias, Jonas,(Oséias, Joel, Amós, ,
23. Esdras, Neemias, Miqueias, Naum,
24. 1, 2 Crônicas, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias)
CÂNON DAS ESCRITURAS GREGAS CRISTÃS.
Escrituras Gregas Cristãs
Chamadas assim para diferenciá-las da Septuaginta grega, tradução pré-cristã das Escrituras Hebraicas. Esta última parte da Bíblia costuma ser chamada de Novo Testamento. — Veja BÍBLIA.
São 27 os livros canônicos que constituem as Escrituras Gregas Cristãs. Após a morte de Jesus, estes livros foram escritos, sob inspiração, por oito homens: Mateus, Marcos, Lucas, João, Paulo, Tiago, Pedro e Judas. Nem todos estes homens seguiam Jesus durante o seu ministério; de fato, tanto quanto se sabe com alguma certeza, apenas os três apóstolos, Mateus, João e Pedro, o fizeram. Marcos talvez tenha sido o “certo jovem” que seguiu Jesus à distância, depois de este ser preso. (Mr 14:51, 52) Em Pentecostes, Tiago, Judas e talvez Marcos estivessem presentes com eles. (At 1:13-15; 2:1)
Mais tarde, o apóstolo Paulo foi convertido. Todos estes escritores passaram a ficar intimamente associados com o corpo governante da congregação do primeiro século em Jerusalém.
Em que língua foram esses livros originalmente escritos? Com exceção do livro de Mateus, que originalmente foi escrito em hebraico e depois traduzido para o grego, todos os outros 26 livros foram escritos no grego comum, o coine, a língua internacional daqueles dias. —
Tampouco foi mera coincidência que estes inspirados homens cristãos, todos eles judeus naturais (Ro 3:1, 2), tiveram seus escritos enviados em grego. Não se tratava de comunicações particulares, mas destinavam-se a ter ampla divulgação, a serem lidas e estudadas por todas as congregações. (Col 4:16; 1Te 5:27; 2Pe 3:15, 16) Os escritores estavam sob ordens divinas de divulgar estas boas novas e este ensino até à parte mais distante da terra, a lugares onde não se lia hebraico e latim. (Mt 28:19; At 1:8) Até mesmo em territórios mais perto da Palestina, havia um crescente número de não-judeus entrando nas congregações locais. Também, ao citar as Escrituras Hebraicas, esses escritores freqüentemente usavam a Septuaginta grega.
Os livros das Escrituras Gregas Cristãs, alistados segundo o ano aproximado (EC) em que foram escritos, são como segue: Mateus, 41; 1 e 2 Tessalonicenses, 50 e 51; Gálatas, 50-52; 1 e 2 Coríntios, 55; Romanos, 56; Lucas, 56-58; Efésios, Colossenses, Filemon, Filipenses, 60-61; Hebreus, Atos, 61; Tiago, antes de 62; Marcos 60-65; 1 Timóteo, Tito, 61-64; 1 Pedro, 62-64; 2 Pedro, 64; 2 Timóteo, Judas, 65; Revelação (Apocalipse), 96; João e 1, 2, 3 João, 98. Este período de menos de 60 anos é um contraste bastante grande com os quase 11 séculos que levou para completar as Escrituras Hebraicas.
Quando chegou o tempo de juntar estes livros das Escrituras Gregas Cristãs em um só volume, não foram reunidos na ordem em que foram escritos. Antes, foram colocados num arranjo lógico segundo o assunto, que pode ser classificado como (1) os cinco livros históricos dos Evangelhos e Atos, (2) as 21 cartas, e (3) a Revelação.
Os quatro Evangelhos (a palavra “evangelho” significa “boas novas”), escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João, fornecem-nos um relato histórico quádruplo da vida e da atividade de Jesus, sendo cada narrativa um relato independente. Os primeiros três deles são às vezes chamados de sinópticos (que significa “visão comum”), porque têm uma maneira relativamente similar de tratar do ministério de Jesus, em comparação com o Evangelho de João, contudo, cada um deles reflete o individualismo do escritor. O Evangelho de João preenche certos pormenores omitidos pelos outros três. Os Atos dos Apóstolos seguem então em seqüência lógica, apresentando a história da congregação cristã desde que foi estabelecida em Pentecostes até quase 30 anos depois da morte de Jesus.
O funcionamento interno da congregação, seus problemas, sua pregação pública, seus outros privilégios e suas esperanças são considerados nas 21 cartas que seguem a parte histórica. Paulo é mencionado como o escritor de 13 cartas. A carta aos hebreus, em geral, também é atribuída a Paulo. Depois destes escritos, vem um grupo de cartas, a maioria das quais escrita a todas as congregações em geral, por Tiago, Pedro, João e Judas. Por último, como deleitoso clímax da Bíblia inteira, vem Revelação, com sua previsão de profundos eventos no futuro.
Até que ponto citaram os escritores das Escrituras Gregas Cristãs as Escrituras Hebraicas?
Os escritores das Escrituras Gregas Cristãs citaram as Escrituras Hebraicas centenas de vezes. Nas Escrituras Gregas Cristãs, a Tradução do Novo Mundo apresenta como citações diretas 320 passagens das Escrituras Hebraicas. Segundo uma lista publicada por Westcott e Hort, o total das citações e referências ascende a umas 890. (The New Testament in the Original Greek [O Novo Testamento no Grego Original], Graz, 1974, Vol. I, pp. 581-595) Todos os escritores cristãos inspirados recorrem a exemplos das Escrituras Hebraicas. (1 Cor 10:11) Estes escritores cristãos, sem dúvida, usaram o nome divino, Jeová, ao citarem as Escrituras Hebraicas. Estes escritores posteriores reconheceram e incluíram as Escrituras Hebraicas como inspiradas por Deus e proveitosas para equipar completamente o homem de Deus para toda boa obra. 2 Tim 3:16, 17; 2 Ped. 1:20, 21.
Após a morte dos apóstolos, escritores não inspirados citaram profusamente as Escrituras Gregas, assim como os inspirados escritores cristãos da Bíblia haviam citado o que existia antes deles.
Para um estudo comparativo, há disponíveis mais de 13.000 manuscritos de papiro e de velino, contendo todas as Escrituras Gregas Cristãs ou parte delas, remontando desde o 2.° século até o século 16. Destes, uns 5.000 são em grego, e o restante em diversas outras línguas. Mais de 2.000 das cópias antigas contêm os Evangelhos, e mais de 700, as cartas de Paulo. Embora não existam hoje os próprios escritos originais, as cópias remontam ao segundo século, o que é muito próximo do tempo em que os originais foram escritos. Este vasto número de manuscritos tem habilitado peritos em grego, no decorrer dos anos, a produzir um texto grego altamente refinado das Escrituras, confirmando em muitos sentidos a confiabilidade e integridade de nossas atuais traduções das Escrituras Gregas Cristãs. — Veja MANUSCRITOS DA BÍBLIA.
Esta grande quantidade de manuscritos induziram certo perito a observar: “O grosso das palavras do Novo Testamento se destaca acima de todos os processos discriminadores da crítica, porque está livre de variação, e só precisa ser transcrito. . . . Se trivialidades relativas, tais como mudanças de ordem, a inserção ou omissão do artigo com nomes próprios, e coisas assim, forem postas de lado, as palavras, em nossa opinião, ainda sujeitas à dúvida dificilmente chegam a constituir mais do que uma milésima parte do inteiro Novo Testamento.” (The New Testament in the Original Greek, Vol. I, p. 561) A isto se pode acrescentar a observação de Jack Finegan: “A íntima relação de tempo entre os mais antigos manuscritos do Novo Testamento e os textos originais também não é nada menos que espantoso. . . .
Para obtermos conhecimento dos escritos da maioria dos autores clássicos, dependemos de manuscritos dos quais o mais velho pertence ao tempo entre os séculos nove e onze A.D. . . . De modo que a certeza com que se confirma o texto do Novo Testamento excede à de qualquer outro livro antigo. As palavras que os escritores do Novo Testamento dirigiram ao seu mundo e tempo atravessaram as milhas e os séculos adicionais até nós substancialmente inalteradas na forma e certamente nada reduzidas em poder.” Light From the Ancient Past (Luz do Passado Remoto), 1959, pp. 449, 450.
Sendo parte integrante da escrita Palavra de Deus, as Escrituras Gregas Cristãs são de valor inestimável. Contêm quatro relatos sobre o ministério do Filho unigênito de Deus, inclusive sobre sua origem, seu ensino, seu exemplo, sua morte sacrificial e sua ressurreição. O registro histórico da formação da congregação cristã e o derramamento do espírito santo, que a habilitou a aumentar com tanto êxito, bem como os pormenores dos seus problemas e como foram solucionados — tudo isso é muito essencial para o atual funcionamento da verdadeira congregação cristã. Os respectivos livros, escritos independentemente para pessoas ou situações específicas, ou com intenção ou objetivo especial, fundem-se todos num grande conjunto unificado e completo, sem que faltem pormenores. Complementam e completam o cânon bíblico e são atualmente de importância, interesse e preocupação universais, primariamente para o Israel espiritual, que é a congregação de Deus, mas, adicionalmente, para todos os que procuram obter a aprovação de Deus.
Para obter informações sobre o conteúdo dos 27 livros, seus escritores, o tempo da escrita e as provas de autenticidade, veja os respectivos livros por nome.
Bíblia Definição: A Palavra escrita de Jeová Deus para a humanidade. Ele usou uns 40 secretários humanos, por um período de 16 séculos, para a porem por escrito, mas ele próprio dirigiu ativamente a escrita por meio de seu espírito. De modo que é inspirada por Deus. Grande parte do registro é constituído de declarações reais feitas por Jeová e de pormenores sobre os ensinamentos e as atividades de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Nesses encontramos expressos os requisitos de Deus para seus servos e o que ele fará para levar a termo seu grandioso propósito para com a terra. Para aprofundar nosso apreço por essas coisas, Jeová preservou também na Bíblia um registro que demonstra o que sucede quando pessoas e nações escutam o que Deus diz e agem em harmonia com o propósito dele, bem como as conseqüências quando seguem seu próprio caminho. Por meio deste assentamento histórico fidedigno Jeová nos familiariza com sua maneira de lidar com a humanidade e, por conseguinte, com a sua própria maravilhosa personalidade.
Razões para considerar a Bíblia.
A própria Bíblia diz que ela é de Deus, o Criador da humanidade.
2 Tim. 3:16, 17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ensinar, para repreender, para endireitar as coisas, para disciplinar em justiça, a fim de que o homem de Deus seja plenamente competente, completamente equipado para toda boa obra.”
Rev. 1:1: “Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu, para mostrar aos seus escravos as coisas que têm de ocorrer em breve.”
2 Sam. 23:1, 2: “A pronunciação de Davi, filho de Jessé . . . Foi o espírito de Jeová que falou por meu intermédio, e a sua palavra estava na minha língua.”
Isa. 22:15: “Assim disse o Soberano Senhor, Jeová dos exércitos.”
Era de esperar que a mensagem de Deus para toda a humanidade estivesse disponível em todo o globo. A Bíblia, completa ou em parte, foi traduzida em aproximadamente 1.800 línguas. Sua circulação atinge a casa dos bilhões. Diz The World Book Encyclopedia: “A Bíblia é o livro mais amplamente lido na história. É também provavelmente o que mais influência exerceu. Mais exemplares da Bíblia foram distribuídos do que de qualquer outro livro. Foi também traduzido mais vezes em mais línguas do que qualquer outro livro.” — (1984) Vol. 2, p. 219.
A profecia bíblica explica o significado das condições mundiais.
Muitos líderes mundiais reconhecem que a humanidade está à beira de uma catástrofe. A Bíblia há muito predisse essas condições; ela explica o significado delas e qual será o resultado. (2 Tim. 3:1-5; Luc. 21:25-31) Diz-nos o que precisamos fazer para sobreviver à impendente destruição mundial e ter a oportunidade de ganhar vida eterna em condições justas aqui na terra. Sof. 2:3; João 17:3; Sal. 37:10, 11, 29.
A Bíblia nos habilita a entender o objetivo da vida.
Ela responde a perguntas tais como: Donde se originou a vida? (Atos 17:24-26) Por que estamos aqui? Será apenas para viver uns poucos anos, tirar o máximo proveito que pudermos da vida e daí morrer? Gên. 1:27, 28; Rom. 5:12; João 17:3; Sal. 37:11; 40:8.
A Bíblia mostra como podemos ter exatamente as coisas que os que amam a justiça mais desejam.
Informa-nos onde encontrar boas companhias em que existe verdadeiro amor mútuo (João 13:35), o que nos pode garantir termos suficiente alimento para nós próprios e para nossa família (Mat. 6:31-33; Pro. 19:15; Efé. 4:28), como podemos ser felizes, não obstante as condições difíceis que nos cercam. Sal. 1:1, 2; 34:8; Luc. 11:28; Atos 20:35.
Ela explica que o Reino de Deus, seu governo, eliminará o atual sistema mau (Dan. 2:44), e, sob o seu domínio, a humanidade poderá gozar de saúde perfeita e vida eterna. — Rev. 21:3, 4; compare com Isaías 33:24.
Um livro que afirma originar-se de Deus, que explica o significado das condições mundiais, bem como o objetivo da vida, e que mostra como os nossos problemas serão solucionados é certamente digno de consideração.
Evidências de inspiração.
Está repleta de profecias que indicam conhecimento pormenorizado do futuro, coisa que é impossível aos humanos.
2 Ped. 1:20, 21: “Nenhuma profecia da Escritura procede de qualquer interpretação particular. Porque a profecia nunca foi produzida pela vontade do homem, mas os homens falaram da parte de Deus conforme eram movidos por espírito santo.”
▪ Profecia: Isa. 44:24, 27, 28; 45:1-4: “Jeová . . . Aquele que diz à água de profundeza: ‘Evapora-te, e secarei todos os teus rios’; Aquele que diz a respeito de Ciro: ‘Ele é meu pastor e executará completamente tudo aquilo em que me agrado’; dizendo eu de Jerusalém: ‘Ela será reconstruída’, e do templo: ‘Lançar-se-á teu alicerce.’ Assim disse Jeová ao seu ungido, a Ciro, cuja direita tomei para sujeitar diante dele nações, a fim de eu descingir até mesmo os quadris de reis; para abrir diante dele as portas duplas, de modo que nem mesmo os portões se fecharão: ‘Eu mesmo irei na tua frente e endireitarei as ondulações do terreno. Destroçarei as portas de cobre e cortarei as trancas de ferro . . . Por causa do meu servo Jacó e de Israel, meu escolhido, passei mesmo a chamar-te pelo teu nome.’” (Escrita feita por Isaías, completada em cerca de 732 AEC.)
Cumprimento: Ciro não tinha nascido quando a profecia foi escrita. Os judeus não foram levados ao exílio em Babilônia senão em 617-607 AEC, e Jerusalém e seu templo só foram destruídos em 607 AEC. A profecia se cumpriu em pormenores a partir de 539 AEC. Ciro desviou as águas do rio Eufrates para um lago artificial, as portas de Babilônia que davam para o rio haviam sido deixadas abertas por descuido durante uma festa na cidade, e Babilônia caiu às mãos dos medos e dos persas sob o comando de Ciro. Depois disso, Ciro libertou os judeus do exílio e os enviou de volta a Jerusalém com instruções para reconstruírem ali o templo de Jeová. — The Encyclopedia Americana (1956), Vol. III, p. 9; Light From the Ancient Past (Princeton, EUA, 1959), de Jack Finegan, pp. 227-229; “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa” (1966), pp. 271-274, 288.
▪ Profecia: Jer. 49:17, 18: “‘Edom terá de tornar-se um assombro. Todo aquele que passar por ela olhará espantado e assobiará por causa de todas as suas pragas. Como no derrubamento de Sodoma e de Gomorra, bem como de suas cidades vizinhas’, disse Jeová, ‘não morará ali nenhum homem.’” (A escrita das profecias de Jeremias foi completada por volta de 580 AEC.)
Cumprimento: “Eles [os edomitas] foram expulsos da Palestina no segundo século AC por Judas Macabeu, e em 109 AC João Hircano, chefe macabeu, estendeu o reino de Judá para incluir a parte ocidental das terras edomitas. No primeiro século AC, a expansão romana eliminou os últimos vestígios da independência edomita . . . Depois da destruição de Jerusalém pelos romanos, em 70 AD . . . o nome Iduméia [Edom] desapareceu da história.” (The New Funk & Wagnalls Encyclopedia, 1952, Vol. 11, p. 4114) Seja notado que o cumprimento se estende aos nossos dias. De forma alguma se pode argumentar que esta profecia foi escrita após terem ocorrido esses eventos.
▪ Profecia: Luc. 19:41-44; 21:20, 21: “[Jesus Cristo] contemplou a cidade [Jerusalém] e chorou sobre ela, dizendo: . . . ‘Virão sobre ti os dias em que os teus inimigos construirão em volta de ti uma fortificação de estacas pontiagudas e te cercarão, e te afligirão de todos os lados, e despedaçarão contra o chão a ti e a teus filhos dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não discerniste o tempo de seres inspecionada.’” Dois dias depois, deu o seguinte conselho a seus discípulos: “Quando virdes Jerusalém cercada por exércitos acampados, então sabei que se tem aproximado a desolação dela. Então, comecem a fugir para os montes os que estiverem na Judéia, e retirem-se os que estiverem no meio dela.” (Profecia falada por Jesus Cristo em 33 EC.)
□ Cumprimento: Jerusalém se revoltou contra Roma e, em 66 EC, o exército romano, sob o comando de Céstio Galo, atacou a cidade. Mas, conforme relata o historiador judeu Josefo, o comandante romano “subitamente retirou seus homens, abandonou a esperança, embora não tivesse sofrido nenhum revés, e, indo contra toda a lógica, retirou-se da Cidade”. (Josephus, the Jewish War, Penguin Classics, 1969, p. 167) Isto deu uma oportunidade para os cristãos fugirem da cidade, o que fizeram, mudando-se para Pela, além do Jordão, segundo Eusébio Pânfilo na sua obra Ecclesiastical History. (Traduzida por C. F. Crusé, Londres, 1894, p. 75.) Daí, por volta da época da páscoa do ano 70 EC, o general Tito sitiou a cidade, levantou-se uma cerca todo em volta, de 7,2 quilômetros, em apenas três dias, e, depois de cinco meses, Jerusalém caiu. “A própria Jerusalém foi destruída sistematicamente e o Templo foi deixado em ruínas. O trabalho arqueológico nos mostra hoje quão eficiente foi a destruição dos edifícios judaicos em todo o país.” The Bible and Archaeology (Grand Rapids, Mich., EUA; 1962), de J. A. Thompson, p. 299.
Seu conteúdo é cientificamente correto sobre assuntos que os pesquisadores humanos descobriram só em data posterior.
A origem do Universo: Gên. 1:1: “No princípio Deus criou os céus e a terra.” Em 1978, o astrônomo Robert Jastrow escreveu: “Vemos agora como a evidência astronômica conduz a um conceito bíblico sobre a origem do mundo. Os pormenores diferem, mas os elementos essenciais no relato astronômico e no relato bíblico de Gênesis são os mesmos: a cadeia de eventos que conduz ao homem começou súbita e distintamente num momento definido do tempo, num clarão de luz e energia.” — God and the Astronomers (Nova Iorque, 1978), p. 14.
Formato do Planeta Terra: Isa. 40:22: “Há Um que mora acima do círculo da terra.” Nos tempos antigos, a opinião geral era que a terra era plana. Não foi senão mais de 200 anos depois de se escrever esta passagem da Bíblia que uma escola de filósofos gregos concluiu que a terra era provavelmente esférica, e cerca de mais 300 anos depois um astrônomo grego calculou o raio aproximado da terra. Contudo, mesmo então, não era o conceito geral que a terra fosse esférica. Só no século 20 é que se tornou possível aos homens viajar de avião, e mais tarde no espaço sideral, e até mesmo ir à lua, obtendo assim uma visão clara do “círculo” do horizonte da terra.
Vida Animal: Lev. 11:6: “A lebre . . . é ruminante.” Embora por muito tempo alguns críticos atacassem isso, a ruminação do coelho foi por fim observada por um inglês, William Cowper, no século 18. O modo incomum de fazer isso foi descrito em 1940, em Proceedings of the Zoological Society of London, Vol. 110, Série A, pp. 159-163.
Sua harmonia interna é significativa.
Isto se dá especialmente em vista do fato de terem sido postos por escrito os livros da Bíblia por uns 40 homens tão dessemelhantes uns dos outros, tais como rei, profeta, pastor, cobrador de impostos e médico. Fizeram a escrita num período de 1.610 anos; portanto, não houve oportunidade para conluio. Não obstante, seus escritos concordam entre si, até mesmo nos mínimos detalhes. Para avaliar até que ponto os vários trechos da Bíblia estão harmoniosamente entreligados, precisa lê-la e estudá-la pessoalmente.
Como podemos ter certeza de que a Bíblia não foi alterada?
“No número de antigos MSS. [manuscritos] que atestam a escrita e no número de anos decorridos entre o original e os MSS. atestantes, a Bíblia goza de uma decidida vantagem sobre os escritos clássicos [de Homero, Platão e outros]. . . . Ao todo, os MSS. clássicos constituem apenas um punhado em comparação com os bíblicos. Nenhum livro antigo é tão bem atestado como a Bíblia.” The Bible From the Beginning (Nova Iorque, 1929), P. Marion Simms, pp. 74, 76.
Um relatório publicado em 1971 mostra que há provavelmente 6.000 cópias manuscritas que contêm todas as Escrituras Hebraicas ou partes delas; a mais antiga data do terceiro século AEC. Há, das Escrituras Gregas Cristãs, cerca de 5.000 em grego, a mais antiga datando do começo do segundo século EC. Existem também muitas cópias das primeiras traduções em outros idiomas.
Na introdução de seus sete volumes sobre Os Papiros Bíblicos de Chester Beatty, Sir Frederic Kenyon escreveu: “A primeira e mais importante conclusão a que se chega à base do exame deles [os papiros] é a conclusão satisfatória de que eles confirmam a exatidão essencial dos textos existentes. Não aparece nenhuma variação substancial ou fundamental quer no Velho quer no Novo Testamento. Não há nenhumas omissões ou adições importantes de trechos nem variações que afetem fatos ou doutrinas vitais. As variações do texto afetam questões menores, tais como a ordem das palavras ou as palavras precisas usadas . . . Mas a sua importância essencial é sua confirmação da integridade de nossos textos existentes pela evidência duma data anterior à disponível até agora.” — (Londres, 1933), p. 15.
É verdade que algumas traduções da Bíblia seguem mais de perto o que se acha nas línguas originais do que outras. Modernas Bíblias parafraseadas tomaram liberdades que às vezes alteram o sentido original. Alguns tradutores permitiram que suas crenças pessoais influíssem nas suas versões. Mas esses pontos fracos podem ser identificados por meio de comparação de várias traduções.